A Arte dos Namorados
A Arte dos Namorados é uma componente fundamental da arte e da cultura popular.
Os Lenços de Namorados apresentam-se como a mais genuína forma poética e artística utilizada pelas moças do minho, em idade de casar.
Constituído por um quadrado de linho, ou de algodão, que a jovem bordadeira bordava a seu gosto, o lenço dos namorados fazia parte do traje típico feminino, mas tinha outra função a desempenhar: a conquista, pela moça do jovem por quem se apaixonara.
Não há muito tempo ainda que toda a rapariga Minhota começava muito cedo a bordar.
Quando mais tarde, casadoira, os olhos teimavam em fugir-lhe para o jovem que no seu intímo já escolhera, começava a bordar o lenço que lhe destinara, dando largas aos sentimentos mais intímos.
Era costume ensinar às raparigas a arte de bordar para que mal entradas na adolescência começassem a preparar o enxoval. O lenço era bordado então, nas longas noites de serão, nos momentos livres do dia ou aquando do apastoramento do gado, pela rapariga apaixonada que ia transpondo para o lenço os sentimentos que lhe iam na alma. A rapariga usá-lo-ia ao domingo na trincha da saia ou no bolso do avental; mais tarde oferecê-lo-ia somente ao rapaz que amava como compromisso de amor, este passaria a usá-lo ao pescoço ou no bolso do casaco do fato domingueiro.
É considerado o século de apogeu dos lenços de namorados o período entre 1850 e 1950. Muitos dos lenços encontram-se conservados nas famílias, mas já existem alguns em museus. Entre os textos bordados sobressaem as quadras de inspiração popular.
Desde o ponto de vista linguístico constituem um documento de excepcional valor: bordados em longo trabalho por bordadeiras de escassa alfabetização escrita, apresentam a língua popular do modo mais directo, nos seus diferentes aspectos: fonética (bai 'vai', cando 'quando', mailo 'mais o', 'e o', num 'não'...), morfo-sintaxe, léxico. Os textos analisados tal como aparecem nos lenços, com todos os seus "desvios" da língua culta e da ortografia padrão, conservam assim todo o seu valor documental como testemunhos da fala popular.
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